Em um trecho do diário de Charles Darwin, que foi escrito entre 1830 e 1835 em sua viagem ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle como naturalista, Darwin relata o horror que viu num Brasil ainda escravagista:
"No dia 19 de agosto deixamos finalmente as costas do Brasil. Dou graças a Deus, e espero nunca mais visitar um país de escravos. Até o dia de hoje, sempre que ouço um grito distantes, lembro-me vivamente do momento doloroso que senti quando passei por uma casa no Recife. Ouvi os mais angustiosos gemidos, e não tinha dúvida nenhuma de que algum miserável escravo estava sendo torturado, entretanto, sentia-me tão impotente quanto uma criança, para até mesmo dar demonstrações. No Rio de Janeiro, morei em frente de uma velha senhora que possuia parafusos para comprimir os dedos das suas escravas. Estive numa casa onde um jovem mulato sofria, diariamente e a cada hora, aviltamentos, castigos e perseguições suficientes para despedaçar o espírito mesmo do animal mais desgraçado. Vi um menino de seis ou sete anos levar, antes que eu pudesse interferir, duas chicotadas na cabeça descoberta, por me haver dado um copo com água que não se achava bem limpo; e vi seu pai tremer ao mero olhar de seu senhor. E esses atos são praticados e paliados por homens que professam amar ao próximo como a si mesmos, que dizem crer em Deus e oram para que sua vontade seja feita sobre a Terra!"